Polícia Federal apreendeu R$ 930 mil em espécie em um escritório de advocacia em São Paulo durante uma operação que combate um esquema de corrupção bilionário, com indícios de participação de advogados, servidores públicos e dois juízes federais. Conforme a Polícia Federal, decisões da Justiça Federal no Ceará beneficiaram “grandes devedores” da União, gerando um prejuízo bilionário entre 2012 e 2016.
O dinheiro tem “suspeita de origem ilícita”; a Polícia Federal afirma que foi providenciado depósito bancário para que o valor fique à disposição do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, no Recife.
De acordo com o titular da Delegacia Regional de Combate à Corrupção, Alan Robson, o diretor do escritório suspeito de envolvimento no esquema era ex-diretor da Justiça Federal e tinha “grande influência” entre juízes.
“Ele era ex-diretor da Justiça Federal. Saiu da Justiça Federal e e foi implantado no escritório de advocacia que tinha uma movimentação atípica. E ele tinha forte influência na Justiça”, afirmou.
Noventa policiais federais cumprem 19 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Recife (PE), Dourado (MS), Brasília e em Fortaleza; a capital cearense é cidade onde houve a origem do esquema de corrupção, segundo a PF. Dois juízes federais são suspeitos de envolvimento no crime.
‘Prejuízo bilionário’
Ainda conforme a Polícia Federal, houve condução ilícita nos processos fiscais de “grandes devedores da União” entre os anos de 2012 e 2016. Empresários devedores atuaram com advogados e juízes e “resultaram em prejuízo bilionário aos cofres da União”.
As investigações foram iniciadas em 2019; desde então, a Polícia Federal encontrou indícios das seguintes irregularidades:
vínculos suspeitos entre magistrados e advogados;
fluxo financeiro suspeito;
falsificação de documentos com simulação de intimações da União, com prejuízo à Fazenda Nacional em benefício de empresários.
Corrupção e lavagem de dinheiro
Caso a operação aponte indícios e provas, os participantes do esquema de corrupção devem responder por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Em caso de condenação, as penas podem chegar a 42 anos de prisão.
A Polícia Federal informa que as investigações continuam, com análise do material apreendido.
Operação Skiagraphia
A operação realizada nesta sexta foi batizada de “Skiagraphia”. Conforme a corporação policial, o nome da operação remete à técnica de pintura “shadow painting”, em que se busca dar a ilusão de profundidade pelo contraste entre sombra e luz.
“Com isso, os investigados simulavam estar à luz do caminho público, mas na verdade se encontravam às sombras da lei.”
Fonte: G1
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