Infectologistas dizem que é preciso esperar novos dados, mas admitem que a liberação de máscaras e Carnaval podem ser causas da elevação.
Os números de casos e mortes por Covid-19 no Brasil da última semana deixaram os especialistas preocupados. Após sucessivas quedas, que davam a entender que a pandemia estava com os dias contados, aumentou ligeiramente a quantidade de doentes no país e dispararam em mais de 30% os óbitos causados pelo novo coronavírus.
De acordo com o painel do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), desde o início de fevereiro, os óbitos vinham diminuindo, mas subiram de 672 para 887 na comparação entre as duas últimas semanas de abril (variação de 31%). Entre 6 e 12 de fevereiro, a Covid-19 atingiu o auge de mortes com o avanço da variante ômicron, com 6.246 vítimas.
“Realmente está aparecendo um aumento [de mortes por Covid]. É cedo para afirmar que vão subir ainda mais, mas algo está acontecendo”, diz o infectologista Pedro Hallal, professor do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas. “É muito difícil saber o que pode ter causado isso. Se é alguma variante nova, se é o Carnaval ou a liberação de máscaras. Acho que é um pouco de cada uma dessas coisas”, opina.
“Mas claro que é um aumento considerável, porém é preciso pensar que quando os registros estão lá embaixo a variação depende muito de poucos casos. Se são 100 mortes e aparecem novas 30, já aumenta para esse percentual”, comenta Hallal. Na visão do professor da Universidade de Pelotas, é preciso esperar um pouco mais para ver se a tendência de alta vai se confirmar e, aí sim, entendermos o que levou ao avanço do vírus. “Só então vamos saber que medidas adotar para de novo combater as novas infecções.”
O infectologista Renato Kfouri, diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), reforça ser necessário mais dados do monitoramento para se ter certeza dessa elevação. “Há uma percepção minha de aumento de casos, mas de mortes ainda é difícil dizer, particularmente creio que não”, acredita. O painel revela também que subiu o volume semanal de infectados. Eram 95.577 de 17 a 23 de abril e passaram a 102.582 nos sete dias seguintes.
Kfouri observa que o acompanhamento dos dados nacionais de Covid-19 são falhos e sujeitos a diversas intercorrências: desde o atraso nos registros até o represamento de informações que acabam tendo impacto em um período curto de tempo. “Por isso é importante aguardar mais algum tempo.”
Recordes da doença no país
Apesar de a ômicron ter levado o Brasil à terceira onda da doença no início de 2022, o painel da Conass mostra que o número máximo de mortes por Covid-19 em uma semana ocorreu bem antes, entre 4 e 10 de abril do ano passado, com 21.141 registros.
A mais nova cepa do coronavírus foi responsável, sim, pela maior quantidade de casos detectados desde o início da pandemia. Entre 23 e 29 de janeiro deste ano, o país alcançou o recorde nacional de 1.305.447 de testes positivos. Mesmo com tantos doentes, o total de mortes com a ômicron não subiu na mesma proporção por causa da vacinação, em ritmo acelerado no Brasil desde a metade de 2021.
A vacinação, iniciada por aqui de forma lenta no primeiro semestre de 2021, já alcançou com duas doses ou a aplicação única da vacina da Johnson quase 164 milhões de pessoas, ou 76,8% da população. Desde que o coronavírus chegou ao país, em fevereiro de 2020, 663.497 brasileiros morreram e mais de 30 milhões foram infectados.
Fonte: R7
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