A Polícia Civil do Rio interditou, neste domingo (7), uma clínica de repouso para idosos, após denúncias de maus-tratos. Agentes da 35ª DP (Campo Grande) receberam os relatos de estagiários da Casa de Repouso Laço de Ouro, em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, e foram ao local checar as informações. Ao chegar no estabelecimento, os policiais encontraram o local em péssimo estado, inclusive com idosos com fome. Parentes relataram dificuldade para fazer visitas aos internos. Duas pessoas foram presas em flagrante: a dona da casa de repouso, Vanessa da Silva Ferro e Manoel Alves Paulino, um funcionário. A autuação foi pelos crimes de tortura, sequestro e cárcere privado e maus-tratos contra idoso. O técnico de enfermagem Rafael Venâncio foi detido, mas não foi autuado e liberado após prestar depoimento.
Durante a noite de domingo, profissionais da prefeitura do Rio estiveram na casa de repouso avaliando o estado de saúde dos 29 idosos que estavam no local. Após a avaliação médica, as equipes de assistência social irão entrar em contato com os parentes para saber se eles possuem condições de recebê-los. Caso contrário, serão levados a abrigos públicos.
Um paciente foi transferido em estado grave para a UPA de Campo Grande, com úlcera por pressão (lesões na pele por ficar muito tempo numa mesma posição). Outro idoso foi levado para o Hospital Municipal Rocha Faria. Há suspeitas de que ele tenha uma infecção. O paciente foi hospitalizado para a realização de mais exames. Os demais idosos passaram por triagem mas não houve necessidade de transferi-los para uma unidade de saúde.
Cheiro de urina e internos magros
Um vídeo obtido pelo GLOBO gravado no interior da casa de repouso, por volta das 15h deste domingo, mostra uma idosa afirmando que não havia tomado café, estava com fome e que a comida era “horrível”. Agentes que entraram no local contaram ao GLOBO que no local havia um forte cheiro de urina em diversos ambientes e que alguns idosos estavam demasiadamente magros.
O caso foi denunciado por estagiários que trabalham na casa de repouso. Um deles teria ouvido o relato de um idoso cadeirante de que ele já havia recebido um tapa no rosto de um dos funcionários. A Laço de Ouro tinha um alvará vencido desde 2015, e um pedido de 2021 para renovação, que não foi atendido.
A Polícia Civil investigará também as denúncias de que a clínica medicava os idosos com remédios controlados para mantê-los dopados. Caso o estabelecimento não tenha as receitas médicas com a indicação dos medicamentos, os responsáveis podem responder por tráfico de drogas.
Na entrada da casa de repouso, na noite deste domingo, parentes de um idoso que está internado há dez anos no local se mostraram surpresos com as denúncias. Assim que soube que o local havia sido fechado, Samuel Milanos, cunhado de um paciente, foi à Laço de Ouro saber o que tinha ocorrido. Ele afirma que nunca percebeu haver maus-tratos no local:
— Há pouco tempo, foi o aniversário dele e nós viemos vê-lo. Se precisar, vamos levá-lo de volta para casa — disse Milanos.
Fonte: O GLOBO
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