Novembro 22, 2024

Portal Goitacá

A Noticia da Cidade

Rio tem um estupro em hospital a cada 14 dias; cidade onde anestesista foi preso é a quinta com mais casos

As acusações contra Giovanni Quintella Bezerra, preso na noite do último domingo durante um plantão em um hospital público de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, estão longe de configurar uma situação isolada. Números do Instituto de Segurança Pública (ISP), obtidos pelo GLOBO via Lei de Acesso à Informação, apontam que foram computados no estado 177 casos de estupro em “hospital, clínicas ou similares” entre 2015 e 2021. Em média, é como se, ao longo desses sete anos, uma pessoa fosse abusada em uma unidade de saúde do Rio a cada duas semanas.

A capital aparece à frente na triste estatística, com 80 ocorrências do gênero no período (45,2% do total), seguida por Niterói (18 casos), na Região Metropolitana, e Duque de Caxias (12), na Baixada Fluminense, cidade vizinha a São João de Meriti. Com seis estupros em hospitais, sem considerar o episódio mais recente, o município onde Giovanni foi preso ocupa a quinta posição na lista, empatado com São Gonçalo, que tem mais do dobro de população.

Dois desses seis casos em Meriti aconteceram no bairro Vilar dos Teles, onde fica o Hospital da Mulher Heloneida Studart, gerido pelo governo do estado, no qual o anestesista atuava há cerca de dois meses. Após concluir a especialização no início do ano, Giovanni vinha trabalhando em cerca de dez unidades de saúde, tanto da rede pública quanto da privada.

Pouco mais da metade das ocorrências (90) compiladas pelo ISP de 2015 a 2021 dizem respeito a estupros de vulnerável, crime pelo qual o anestesista foi autuado em flagrante. A definição vale tanto para vítimas menores de 14 anos, independentemente de eventual anuência, quanto para alvos considerados incapazes de se defender — por problemas de saúde ou sob influência de substâncias como álcool, drogas ou sedativos, por exemplo.

Os dados não permitem identificar quantos casos se encaixam em cada uma dessas categorias. Ao analisar o recorte por idade das vítimas, contudo, é possível afirmar que 37 ocorrências foram contra crianças de no máximo 13 anos, e outras dez contra adolescentes de 14 a 17. Houve, ainda, cinco casos em que as vítimas eram idosos de 60 anos ou mais.

Fonte: O Globo