Uma operação conjunta da Polícia Civil e da Polícia Militar do Rio de Janeiro foi deflagrada na madrugada desta terça-feira, 11, no Complexo de Israel, na Zona Norte da capital fluminense.
O alvo principal da ação é a demolição de um imóvel de luxo pertencente ao traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, líder da facção Terceiro Comando Puro (TCP).
Durante a chegada das forças de segurança à comunidade de Parada de Lucas, houve intenso tiroteio, o que levou ao fechamento temporário da Avenida Brasil nos dois sentidos.
O trânsito foi liberado por volta das 6h, mas a circulação de trens no ramal Saracuruna segue prejudicada, com interrupções entre Caxias e Penha. Linhas do BRT também foram afetadas.
O chamado “Resort Green” teria sido construído com dinheiro oriundo do tráfico de drogas e funcionava como base para armazenamento de armas e entorpecentes, segundo investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).
Além disso, a mansão foi erguida ilegalmente em área de preservação ambiental, com desmatamento e alteração no curso d’água da região.
A operação visa coletar provas contra a organização criminosa e apreender materiais ilícitos, incluindo documentos e equipamentos eletrônicos que possam auxiliar nas investigações.
Outro imóvel de interesse da polícia é uma academia de musculação, utilizada por traficantes do TCP como ponto de encontro e treinamento físico. Os equipamentos foram removidos e serão destinados para uso na Cidade da Polícia.
O império de Peixão
Peixão, um dos criminosos mais procurados do Rio de Janeiro, comanda um dos mais violentos grupos do tráfico de drogas no estado.
Ele nunca foi preso e é conhecido por sua política de expansão territorial agressiva, consolidada desde 2016, quando o TCP invadiu a Cidade Alta.
Durante a pandemia, o traficante estabeleceu o Complexo de Israel, área que inclui as comunidades de Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Pica-Pau e Cinco Bocas.
Além do poderio bélico de seu grupo, Peixão se destaca pelo uso de símbolos religiosos, principalmente da tradição judaico-cristã.
O nome “Complexo de Israel” reflete essa influência, e o traficante se autodenomina Arão, o profeta bíblico. Ele impôs restrições às religiões de matriz africana em sua área de domínio, ordenando a retirada de imagens religiosas e fechando terreiros.
A polícia já havia descoberto outros imóveis de luxo ligados ao traficante, como um casarão em Parada de Lucas, com lago artificial, piscina e decoração com Estrelas de Davi.
Em julho de 2023, a Polícia Militar localizou três residências do criminoso na comunidade Para-Pedro, com estruturas semelhantes, incluindo piscinas, pedalinhos e academias totalmente equipadas.
O secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, afirmou que a demolição do “resort” representa a destruição de um símbolo de ostentação do crime organizado.
A operação envolve agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE), do Comando de Operações Especiais (COE) da PM e da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA).
O impacto da ação sobre a mobilidade urbana foi significativo, mas, segundo a SuperVia e a MobiRio, os serviços de transporte estão sendo gradualmente normalizados. O policiamento na região segue reforçado.
O Antagonista
Outras Noticias
GERENTE DO COMANDO VERMELHO É PRESO PELA POLÍCIA CIVIL POR TORTURA
PRF recupera carro “clonado” durante abordagem
Pastor e missionário são mortos a tiros na BR-101