Em um procedimento inédito na literatura médica brasileira, um bebê passou por uma cirurgia para retirada de um tumor, ainda dentro do útero da mãe, no Distrito Federal. Depois de enfrentar essa batalha, o pequeno Ragnar Brant nasceu na última semana, saudável.
“Hoje ele está aqui cheio de saúde, mamando bem, dormindo bastante, crescendo forte, e é o que deixa a gente feliz e contente”, diz o pai, Tiago Brant.
Na barriga da mãe, o menino precisou passar por duas cirurgias, depois que exames confirmaram um tumor no tórax, no segundo trimestre da gravidez. A massa estava comprimindo órgãos importantes e causava risco para o bebê, e as operações envolveram anestesia e uma agulha no tórax.
“A gente descobriu que ele estava com um tumor que é chamado de sequestro pulmonar, tumor irrigado pela aorta. Vários vasinhos alimentavam esse tumor e ele crescia progressivamente. Além disso, tinha derrame pleural, presença de líquido dentro da caixa torácica, e tudo isso estava empurrando e comprimindo coração, pulmão e esôfago”, lembra a mãe, Polyana Brant.
O casal procurou especialistas em todo o Brasil, para realizar a cirurgia ainda durante a gravidez. No entanto, acabou encontrando uma equipe especializada nesse tipo de procedimento em Brasília, onde moram.
“Foi desesperador ter essa notícia de que o neném poderia vir a óbito, que esse tumor e derrame poderiam prejudicar o crescimento do coração, o desenvolvimento dos pulmões. A gente ficou bem desesperado. Mas mantivemos a fé e decidimos procurar pelos melhores”, conta Polyana.
Procedimentos
A médica especialista em cirurgia fetal Danielle Brasil, do Hospital Santa Lúcia, foi quem operou o bebê. Segundo ela, esse tipo de procedimento é muito delicado e só é feito quando a vida do neném está em risco.
“A gente entra com uma agulha grossa no tórax, anestesia o bebê, anestesia bem a parede do útero, e a barriga da mãe”, explica a médica.
Ragnar passou por uma primeira cirurgia, mas o tumor voltou a crescer. “Chegou a cerca de duas vezes o tamanho da cabecinha dele”, diz a mãe.
“Estava tão grande que comprimia os pulmões. Não dava para ver na ecografia. Estava desviando o coração, comprimindo o esôfago, e causou um quadro onde o neném fica inchado em várias partes do corpo. Então, o prognóstico era de óbito fetal se não houvesse uma intervenção”, continua.
Segundo a médica Danielle Brasil, com o avanço do tumor, foi preciso fazer uma segunda cirurgia, com o procedimento inédito, para queimar o cisto. “Eu tenho um alvo móvel, que é o tumor, dentro de um alvo móvel, que é o bebê. A anestesia é para ele não sentir nada e ficar imóvel”, explica.
“Quanto mais eu queimava o tumor, mais difícil ficava, porque a gente ia perdendo visibilidade. Mas a gente persistiu e queimou tudo que a gente conseguiu”, lembra a médica.
Os pais batizaram o bebê de Ragnar, por ser o nome de um guerreiro viking, em uma série de televisão britânica. Segundo Tiago Brant, o motivo é a força que o filho e a mulher demonstraram durante a situação.
“Minha esposa maravilhosa fazendo tudo que está ao alcance dela para salvar a vida dele, segurando a onda nessas cirurgias, é uma guerreira igual meu filho. Ele tinha que ter nome de guerreiro”, diz o pai.
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